Aline Amado
Satya

Para satya se relacionar com mulheres diz sobre estar e sentir uma semelhança de corpos. É sobre se ver; ver seus espelhos. É contemplar e sentir, o que está mais próximo da mãe terra. Um corpo de mulher.
É uma relação que tá intrinsecamente conectada ao gerar vida. Ao cuidar.
Para ela, se relacionar com uma mulher é estar numa dimensão do que fascina...e também do que dá medo. Se fosse uma imagem, seria a copa de uma árvore que floresce para o céu representando as luzes, ao mesmo tempo que também mostra suas sombras, na mesma proporção, pelas suas raízes embaixo da terra.
Na relação com mulheres a leveza permanece, de forma que as memórias se vão. Não fixa, não fica, não incha, como sente com homens.
Observa que nesse momento está numa maturidade diferente, em que seu útero vibra amor. Recebe amor.
Como uma troca de pele, satya afirma que ele tem a capacidade de se reorganizar; acolhe quem quer e expulsa quem não quer. O útero para ela é centro de poder, memórias e explosão. É sangue, é coração. É beleza e dança.
Limpeza e também processos.
Por entre as frestas de satya é possível ver uma faísca de medo... medo de não poder gerar; não poder ser fértil.
Seu ovário direito pulsa forte, enquanto o esquerdo está ainda oculto.
Enevoado. Atrofiado. Quem são eles?

Se satya fosse um oráculo:

Satya nos ilumina sobre a capacidade do útero de se regenerar. Mudar de estado. Viver trajetórias, perpassar. Nos atenta que ele tem o poder também de limpar processos. Renovar. Satya nos lembra sobre Estar em amor. Aceitar receber. Atenta para o seu poder de decisão: ao que quer e ao que ele não quer, tornando-se capacidade de ação.
Satya abre frestas para sentir-se, reconhecer-se, enquanto vê um outro corpo. É um convite para observar o que há, da outra pessoa, em mim. E contemplar.
E admirar.
Satya acende lucidez sobre a existência das luzes e sombras, e convida você para dançar com elas.
A Estar, na mais bela forma de ser árvore.
Yasmin

Yasmin perpassa por entre os muros, assunta a montanha, passeia nas flores, mergulha no mar, passeia entre os becos e afirma...o interessante é alcançar corpos. Atrair-se por corpos é sentir-se Yasmin. Ser afeto, se relacionar com seus quereres, estando em sexo ou não. Se relacionar com mulheres para Yasmin é colorido.
É acolhedor. É libertador.
É se sentir nutrida a todo o tempo. É cuidar e ser cuidada. É se sentir fértil.
Fértil: que produz em abundância; que tem muita capacidade produtiva.
Para Yasmin, estar com uma mulher é sentir-se confortável, num lugar de partilha, acompanhamento e segurança. É juntar forças. É não estar só.
Ver o próprio útero, corresponde a ver muitos e muitos úteros ao seu lado. São muitos e são vários. É compartilhamento. Como numa brisa suave, o jardim florido se mostra presente numa história que se faz junta, e não separada.

Se Yasmin fosse um oráculo:

Yasmin chama atenção sobre o não estar só. Lança luz na possibilidade que se tem de pedir a mão, dar ajuda. Se ver junta.
Caminhar é partilhar.
Olhar a outra. Escutar a sua voz. Ser acolhimento. É estar sendo cuidada e cuidar.
É compreender que não precisa estar sozinha nos vãos que existem a cada andar.
Pode ser um jardim florido, e no fundo, lá no seu útero, é.
Alana

Para Alana se relacionar com mulheres é sinônimo de cumplicidade.
É rastrear e compartilhar dos ciclos inerentes a todo corpo de mulher.
Partilhar do universo feminino.
É aproximar-se da sua mãe. É entender o que são as mulheres dentro de si.
É compreender o ser mãe, sentir-se filha e também mulher.
Se relacionar com uma mulher para Alana é adentrar por caminhos comuns.
É percorrer similaridades. Se autoconhecer. Reconhecer. É estar num desenvolvimento espiritual conectando com a energia feminina a todo o tempo – e a masculina também. Auscultar e sentir as variadas frestas que podemos despertar.
Para Alana é estar numa partilha constante, sem pausa. Se reconhecer e sentir-se sagrada no encontro – nuances que numa relação patriarcal não
aparece, não identifica-se, diz ela.

Se Alana fosse um oráculo:

Alana dá luz a você reconhecer o sagrado que existe em você. Convida na
sutileza a compreender a representação da figura da mãe em um ser, seja
internamente ou externamente. Alguma questão ou fresta interior maternal que
se joga luz nesse momento e merece receber um olhar atento. Alana ilumina o
ato de ser mulher e com isso, estar imersa em ciclos e todo um universo
feminino – não há como separar.
Mariana B.

Para Mariana se relacionar com mulheres é leve e acolhedor. É estar em corpo de igual para igual. É sentir essa similaridade na beleza de se poder compartilhar sobre ciclos, menstruação, hormônios e receber compreensão acerca desse universo.
É se entregar num nível diferente de intimidade. Reconhecer a outra mulher é se enxergar como espelho, contemplar o corpo feminino e ainda se sentir atraída por aquilo.
É uma alquimia diferente. É experimentar diferentes formas de fazer e ser sexos.
São descobertas a todo o tempo. É não estar em modelos pré-definidos nem concebidos – um estar constante fora da caixa.
É a alquimia do inesperado.
É habitar um outro lugar na relação associada a reprodução. É sobre ter – e sentir - o poder de escolha de querer ou não ter filhos. É um encontro de corpos e almas independente do futuro que se vai gerar, sem uma programação de reprodução projetada e esperada. É deslocar do que já está justaposto sobre o fazer sexual.
Se relacionar com mulheres é uma experimentação em outra perspectiva de afetos. Para Mariana, vem de um lugar que não experimenta dores do masculino.
Vem com essa liberdade de expressão maior.
Diz sobre uma familiaridade de gostos, toques e prazeres. Dar e receber. É aprender sobre si e também sobre um outro corpo.
Se relacionar com uma mulher é quebrar paradigmas; é revolução.
É um ato de amor próprio.
É encontrar pluralidades em uma só; com variáveis, nuances e ciclos.

Se Mariana B. fosse um oráculo:

Mari B. chama a atenção para o que somos: alquimia. Alquimia do inesperado, alquimia da diferença, alquimia do que existe em nós. É compreender as nuances e incluí-la. É aceitar a pluralidade inerente a cada mulher; ao que temos e somos. Não somos uma, mas muitas. E nesse caldeirão de possibilidades, é compreender que existem muitos jeitos de fazer e ser; abrigar e acolher. Mari nos lembra que é próprio do feminino não ser linear nem previsível. E é nisso, que reside o que se contempla e o que atrai.
Mariana R.

Um encontro precioso. Cura. Para Mari R. estar com uma mulher não existe
relação de poder social, diferente de estar com um homem cis, que já inicia
numa hierarquia social imposta.
Se relacionar com uma mulher é equidade, afetividade. É reconhecimento,
acolhimento. É cuidado e escuta. É potência.
São todas no mesmo barco.
O diálogo e a abertura do coração fluem. É como se pudesse falar com seu
semelhante. Uma compreensão mais ampliada, uma força luminosa.
Existe uma troca mais leve. É menos invasivo.
É ressignificar padrões. É deixar cair a competitividade, a disputa egóica, sem
querer estar sempre sendo maior.
É uma oportunidade de rever esse lugar.

E se Mari fosse um oraculo:

Mari nos convida a ver nossos padrões mais sombrios aos mais iluminados.
Somos todas gruta, caverna e também água que flui e expande. Mari ilumina o
olhar de nos vermos como irmãs e parceiras de uma trajetória. Sem
competição.
Navegar e navegar, juntas, olhando umas para as outras com atenção, cuidado
e escuta. Mari nos lembra que somos coração.
Ananda

Para Ananda se relacionar com uma mulher traz uma sensação de conforto e
segurança. Um espelho em que habitam-se o mesmo lugar no mundo. Se
sente em par.
É estar em relação sem sentir violência, nem agressividade. É poder
compreender e sentir que existem outros caminhos e nele estar. É entender
que o corpo é muito maior.
É descobrir que existem coisas muito maiores, dentro. É ter tranquilidade. É
auscultar as memorias, e ter prazer em revê-las. É timidamente, sem nem
perceber, abrir a fresta e poder sorrir.

Se Ananda fosse um oraculo:

Ananda nos convida a ver o grande que há dentro. Sendo. Em mim. Em você.
Nos convida a ver a fresta da luz. A ver que existem caminhos fora dos
caminhos que já não satisfazem.
Ananda nos relembra a redescobrir o caminhar. A ver trajetórias deslocadas do
que já foi, do que é passado. É sentir-se livre. É ver luz na escuridão, mesmo
nos desafios. Mesmo nas armadilhas, há coragem. E assim se segue. No
sorriso, que no vão, se abre.