Ana Reis

A partir de um poema que fiz para minha vó, surge a ideia para esse projeto, mas como externar um pouco sobre as memórias que trago, memórias que guardam ruídos, imagens incertas, fluidas e saudosas desses 20 anos sem ela? Como dizer tudo-tanto que ficou dela em mim? Não é fácil transpor em imagens tais rastros, tento aos poucos desenhar caminhos, que de alguma maneira me aproximam dessas lembranças da minha vó, que reaparecem como vestígios empoeirados.

Começo seguindo os rastros das plantas, da terra molhada, do cheiro da cidreira e continuo o percurso esboçando um inventário afetivo pensando nas lembranças da minha avó e das ervas.

- Melissa officinalis, erva-cidreira, pra mim, só cidreira, nome científico não importa aqui.
- O pé de cidreira era encontrado em quase todos os quintais da minha cidade, inclusive no de Vó’dete. Odete o nome dela, esse sim importa.
- O chá de cidreira serve para acalmar e avivar lembranças empoeiradas
- Tem sabor de rastro de memória recuperada
- Tem cheiro de casa de vó
- As folhas tem textura de abraços ausentes
- seu verde é de memória desbotada
- E suas folhas devem ser fervidas, como ela fazia.
poéticas do rastros ou sobre minha vó